A vida é meu palco

quarta-feira, março 07, 2007

Arrepios e embrulhos no estômago

Inspirada por uma sugestão da minha queridíssima Laurinha, resolvi voltar a escrever por aqui. Nada de pompas, contos heróicos ou dramalhões - pelo menos, por hoje. O que relato agora é um fato terrível que presenciei dia desses..

" Vejamos: para lá ou para cá? Procuro alguma indicaçao que me informe onde fica o caixa eletrônico mais próximo e, ah, sim, ali. Estava com pressa, já que tinha algumas coisas a pagar, um encontro com uma amiga e uma passada para dar um beijinho no meu namorado. Com sorte, sacaria o dinheiro em poucos minutos, se não tivesse ninguém na fila. E não tinha - glória! Desci as escadinhas correndo ao encontro daquela máquina mágica, que cospe as folhinhas de papel tão preciosas para e nesse mundo. Enquanto procuro meu cartão na bolsa - que, naquele momento, possuía alguns diversos buracos em virtude do tecido frágil que arrebentara -, observo a presença de uma senhora próxima à agência do banco. Parada em frente às portas já fechadas, ela bravejava com o dedo erguido, apontando para o segurança. Queria entrar a qualquer custo no banco. Argumentou que estava grávida, que tinha seus direitos, que..Moça, que horas são agora? Eu: ã? Sim, enquanto ela falava, também ME observou. Ou melhor, observou que eu a havia observada e que eu tinha um relógio (sou canhota - droga!). E dessa forma, fui metida (sim, porque não fiz menção alguma de me meter na discussão alheia) na história. Calmamente, olhei para o meu relógio que tictaqueava, e, sem pensar, só despejei: quatro horas, agora. Pronto! Fui a responsável por, indiretamente, ter cutucado as raivas daquela senhora, aparentemente inocente. Ela esbravejou de novo, argumentou de novo, apontou o dedo de novo. Mas o segurança, na sua posição de ''estou fazendo meu serviço'', só se desculpou. A porta continuou fechada. O público que assistia àquela cena não se resumia, somente, a mim. Era uma fila de gente que aguardava a vez de entrar no caixa, lá dentro da agência. Eles, diferente da tal senhora, haviam chegado antes das 4h. E aos olhos e ouvidos de todos, a tal cidadã que exercia seus direitos, cuspiu: ''É, crioulo só serve pra isso mesmo..ser porteiro". Arrepios da minha nuca ao meu dedo do pé. Fiquei com nejo de mim mesma só pelo fato de ter dito às horas àquele ser, que, de repente, passou de gente a animal irracional, na minha concepção. Sim, o segurança, que não tinha a mínima culpa de não poder abrir as portas do banco, era negro. E continuou parado, em frente à porta, segurando-a, talvez com mais força, com mais raiva, com vontade de escancará-la e soltar desaforos, também. Talvez, não sei, só supus. Minha vontade foi de cuspir outras palavras em cima daquela mulher, que me fez sentir um embrulho nojento no estômago. E percebi, com uma dose de grande tristeza e raiva, que, sim, o preconceito ainda vive solto por aí..''

sexta-feira, março 02, 2007

Pensando...

Estava eu a pensar, após algumas semanas sem dar uma passada por aqui, acerca de um tema que pudesse guiar meu blog. Alguma coisa específica, concreta, definida. Mas continuo indecisa . Será que escrevo somente sobre livros? Será que coloco aqui os meus pensamentos profundos sobre a vida? Ou será que só escrevo, qualquer coisa que seja? Verdade dita, não faço idéia.

Dessa forma, como não tomei nenhum partido, vou pensar...

terça-feira, janeiro 30, 2007

Que tal começar 10 romances e não terminar nenhum?

É essa a proposta do livro Se um viajante numa noite de inverno, do admirável Ítalo Calvino. Primeira vez que leio uma obra dele, mas o que li já me deixou com vontade de engolir as páginas dos seus outros escritos.
No começo, quase desisti, porque minha cabeça estava confusa com o monte de capítulos, e títulos, e capítulos, e títulos. Mas, depois, entendi a história, a desenvoltura do romance "romanesco", da trama de não saber o que virá após a próxima página (adoro isso!)
Achei belo, magnífico, inteligente. De uma esperteza sagaz. Você, Leitor, eu, Leitora, somos os personagens principais. Sim, você mesmo. Quer maior convite para adentrar em um livro? Se este não basta, aqui vai o meu: leiam! Diferente de qualquer outro livro que você já leu. Certeza!


ps: Mudando de gato pra mala, queria deixar um beijo bem grande e muito especial para uma amiga que vai fazer falta por um bom tempo. Laurinha, curte bem esse teu tempo lá fora. O mundo é teu agora! Só aproveita!

sábado, janeiro 20, 2007

Para pensar ou criticar?

Falta pouco para eu terminar de ler o livro "O Mundo Assombrado pelos Demônios", de Carl Sagan, exigência de uma disciplina do curso e que me aguçou a curiosidade. A obra do astrônomo, já falecido, intriga. O cara é cético e coloca isso em palavras delicadas - não empurra para o leitor a sua "credulidade científica" (isso pode até soar um pouco ambíguo..). Apenas comprova. E, ao invés de responder as perguntas que ele próprio faz, questiona o leitor com novas. É bom parar para pensar sobre o mundaréu de coisas que as pessoas dizem por aí. Crenças e pseudociências que se mostram tão fraudulentas nas quase 500 páginas de livro... Mas vá lá, vim aqui para falar sobre um páragrafo do livro que me fez pensar e que, com certeza, deveria ser publicado por aí, especialmente entre aqueles que lutam contra a valorização das pesquisas científicas.
Os leigos - e eu me incluo neles -, às vezes, não compreendem a importância de um estudo científico e, especialmente, do fomento financeiro exigido por ele. Para que investir tanto em pesquisas malucas que podem não dar em nada, enquanto milhões de pessoas passam fome, morrem nas filas de hospital, sofrem com as injustiças e desigualdades tão desumanas? É difícil achar uma resposta, ou pensar em algo sensato, quando temos a realidade na nossa frente. Eu não sou cientista, não estou aqui para defender ninguém. Mas tem algo que o Sagan disse em seu livro que me fez balançar a cabeça e concordar. A transcrição da parte que me interessa segue abaixo:

"Maxwell não estava pensandp no rádio, no radar e na televisão quando rabiscou as equações fundamentais do eletromagnetismo; Newton nem sonhava com vôos espaciais ou satélites de comunicação quando compreendeu pela primeira vez o movimento da lua; Roentgen não cogitava em diagnóstico médico quando investigou uma radiação penetrante tão misteriosa que ele a chamou de "raios X"; Curie não pensava na terapia do câncer quando extraiu a duras penas quantidades diminutas de rádio do meio de toneladas de uraninita; Fleming não planejava salvar as vidas de milhões com antibioítcos quando observou um círculo sem bactérias ao redor de uma formação de mofo; Watson e Crick não imaginavam a cura de doenças genéticas quando tentavam decifrar a difratometria dos raios X do DNA; Rowland e Molina não planejavam implicar os CFCs na diminuição da camada de ozônio quando começaram a estudar o papel dos halógenos na fotoquímica estratosférica". (página 447)

Alguns nomes podem soar estranhos, mas o tapa de luva que estas constantações dão, pesam na consciência ao criticarmos as razões para que se realizem pesquisas nas mais diversas áreas. Sim, temos problemas horríveis, bem aqui, na nossa frente, do outro lado da rua. Mas, como disse Sagan em outra passagem de seu livro, nossa sociedade é rica em mentes brilhantes, que têm capacidade de pesquisar e, sem saber, querer ou esperar, acabar trazendo inovações inimagináveis à nossa vida. É necessário cultivar o jardim para que surjam as flores. Infelizmente, elas não vêm à tona sem o nosso esforço.

ps: O livro, apesar de ter partes meio malucas, não deixa de ser interessante. Recomendo! R$ 25 na Siciliano.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Mais uma tentativa

Aqui vou eu, pra mais uma tentativa de manter um blog ativo. Não sei se vai funcionar, se vou ter paciência de atualizar essa coisa todo dia, mas prometo tentar. Os planos são muitos - e meti até um blog no meio.
Então, só pra justificar o nome desse meu pequeno espaço na rede: Mariana em qualquer lugar é só pra afirmar que serei desse jeito - gostem ou não - em qualquer lugar. Pretendo sair do meu [lugar] atual e ir para outro [qualquer lugar], em breve. E prometo não deixar de ser Mariana. Curioso? Não deixe de passar por aqui, então!